Nove morreram porque dançavam.  Passos de dança deram lugar a passos que pisam em fuga da violência policial.

 A cultura preta e periférica cresce e toma espaço. A cidade é de quem mora nela. A periferia, potência de qualquer metrópole, é  vista como território da ausência do Estado - que se apresenta apenas como violência e morte. 

Mas a vida na periferia pulsa. Pulsa no seu ritmo. E se o ritmo é o funk, então que seja o funk. 

A vida na periferia é protegida pelo Direito à Cidade, à Cultura, ao Lazer, a manifestação e expressão de sua Arte sem qualquer repressão. 

Mas o Estado que quer excludente de ilicitude para agir contra terrorismo é o que identifica numa festa de jovens o mal a ser sacrificado em praça pública. 

O Estado que quer licença para matar é este que encurrala até a morte adolescentes num baile de rua. 

O Estado que pressupõe o criminoso pela cor da pele ou da bandeira, pelo endereço e pelo gingado, é um Estado que precisa conhecer a quem serve e os limites da Lei que o constitui. 

Por isso que, diante dessa barbárie promovida pelo agente público, cabe a nós, juristas, a corresponsabilidade de estarmos presentes e de agirmos perante as autoridades, para que o resguardo ao direito e à integridade de todos, não importa onde vivam, seja garantido. 

Estamos solidários com as mães, demais familiares e amigos das vítimas. Mas iremos além do gesto de sentirmos juntos essa dor enorme.

Nós estaremos presentes e atuantes. Em todas as instâncias. Estamos já na rua e estaremos na Câmara de Vereadores. Estamos já no IML e estaremos na Assembleia Legislativa. Nos jornais e no Congresso Nacional. No Judiciário e no próximo baile.

Só queremos que sejam felizes, e andem e bailem tranquilos na favela em que nasceram. 

Ninguém estará sozinho diante da opressão. 

A ABRAT é entidade apoiadora do grupo Prerrogativas. Para conhecer, acesse o site: www.prerro.com.br